quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

CONSELHO DELIBERATIVO: A BASE DA MEDIOCRIDADE NO CLUBE

A cada processo eleitoral que tenho acompanhado do Esporte Clube Bahia, me renovam as certezas quanto a podridão (termo aqui utilizado para que o presente texto consiga se manter em bom nível), existente no seio daquelas vacas de presépio que desonrosamente compõem o Conselho Deliberativo do clube.
Muitos, quando se desesperam em relação aos infortúnios tricolores, costumam girar a metralhadora na diretoria executiva, mas não amadurecem o hábito de imputar essas três centenas de irresponsáveis, ainda que sejam meros bonecos sobejamente manipulados à vontade daqueles que se dizem “eternos”, “insubstituíveis”. Formados basicamente por parentes, amigos de infância, vizinhos de rua, amigos do amigo, líderes de torcidas organizadas, “profissionais” ligados a setores de uma imprensa vendida, além de motoristas, empregada do lar e do trabalho daquelas pragas maracajianas e guimaranianas – com vistas a legitimar os seus desmandos – suas presenças nocivas, constitui-se por si só, numa das maiores indecências que se têm notícias na história da agremiação.
É preciso que todos nós, humildes torcedores, tomemos conhecimento logo após o pleito de janeiro/2009 de quem são esses misteriosos personagens dessa tragicomédia que somente têm levado o Bahia à chacota e a cafonice, exigindo o registro desses bonecos no cartório, juntamente com a devida publicação de seus nomes em todos meios comunicacionais disponíveis, evitando assim, o aparecimento dessa lista forçosamente às vésperas das eleições presidenciais. É por conta disso que, para promover suas vaidades, os eternos coveiros costumam riscar da relação muitos conselheiros sem comunicá-los – quando estes desviam da reza em sua cartilha - e também inserem inúmeros sem saber sequer que são associados. Há seguramente caso de pessoas que mantém o status sem a noção, ao menos, sobre quais são as cores do clube.
Em meio a essas relações sujas, promiscuas e medíocres, os verdadeiros trouxas somos indubitavelmente nós, milhares de torcedores, induzidos a ser representados por centenas de fantoches que ali estão por conta apenas do dinheiro que jorram em seus bolsos, ou por serem grandes agentes de manipulação da consciência coletiva, ou quando os mesmos são produtos finais desse processo de idiotização em massa da inteligência desportiva, sempre com o objetivo de manutenção desses abutres nas delícias do poder, a exemplo daquele folclórico torcedor, cuja Bahia esportiva já se acostumou no divertimento quanto as suas risíveis declarações, dando conta de que o Bahia estará sempre no paraíso no ano que vem, mesmo com a estrutura carcomida que aí está.
Não há mais dúvidas. Não adianta querer pulverizar aqueles que se dizem “eternos” sem antes de promovermos uma verdadeira faxina no Conselho Deliberativo do clube, com direito a detergente, água sanitária e muita, muita creolina. Janeiro de 2009 vem aí. Vamos num esforço descomunal arrancar de lá esses insetos e, ao mesmo tempo, dar trânsito a pessoas sérias, competentes, inteligentes e, sobretudo comprometidas com o futuro da agremiação. Caso não seja possível, temos o direito de exigir o registro de seus nomes juridicamente, além de sua publicação ampla, geral e irrestrita. Vamos nos organizar, pois se eles ainda estão aí, É PORQUE ALGO DE ERRADO EXISTE CONOSCO.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

AS ENTRELINHAS DA CANDIDATURA DE "TIRIRICA JÚNIOR"

Mais uma vez, os reacionários podem dizer que venceram. Só que vencer para eles implica em desgraça para a nação tricolor. Já era de se esperar que o economista Reub Celestino fosse alijado desse “processo eleitoral”. Afinal, uma gestão dita transitória representaria para essas pragas maracajianas – e agora guimaranianas – um verdadeiro perigo nas intenções quanto à perpetuação dessas nocivas espécies. A manutenção desses sanguessugas, representadas na pessoa de Marcelo Guimarães Filho, nos impelem acelerar as certezas quanto ao fim de uma instituição que marcou época, porque eles precisam destruir esta história para que suas ilicitudes sejam devidamente escondidas. Certamente, Tiririca pai e júnior é tão bom para a galeria de presidentes do clube, quanto Bush pai e filho foram importantes para os destinos dos Estados Unidos. Trata-se de uma administração natimorta em termos de competência e planejamento.
Dois aspectos estão nas entrelinhas quanto às articulações para sufragar o futuro presidente Marcelo Guimarães Filho. Coloco-o na condição de próximo dirigente porque estaria a essas alturas subestimando minha modesta inteligência em acreditar que aquelas vacas de presépio do Conselho Deliberativo viessem referendar outro nome que não fossem da conveniência dos seus ventríloquos.
No primeiro aspectos deles, os fatores são velhos conhecidos até mesmo de um leigo que se arvore na curiosidade em formular os porquês do apequenamento de um clube, cuja marca é potencialmente grandiosa: refiro-me na preservação, no continuísmo, na certeza de que o poder não vai ser entregue a qualquer “aventureiro”, como costumam propalar os “eternos” em seus discursos medíocres, ainda que agora seja manipulada a questão do “novo”, da jovialidade do executivo, da proposta do “diferente” – mesmo com esvaziamento de idéias – embora boa parte da opinião pública esteja ciente da manutenção dos vícios coronelísticos.
O segundo – e o mais importante – ganha contornos especiais no presente processo. O observador mais atento, ao ler a reportagem do Jornal A TARDE do dia 18.11, percebeu claramente um outro avalista perigoso para esta candidatura: o ministro da integração nacional Geddel Vieira Lima, cujo pôster ornamentava estrategicamente ao fundo da foto do deputado, seu companheiro de partido e de malefícios em prol da Bahia. Há até quem diga que a querela entre o PMDB e o PT – que se iniciou no bojo do período eleitoral para a prefeitura de Salvador – esteja sendo indubitavelmente transferida para o interior do clube mais popular do Estado, numa importante manobra visando o uso das torcidas e dos elementos esportivos para a manipulação de inteligências no âmbito político.
São de conhecimento geral as verdadeiras pretensões de Geddel. O seu maior desejo é o de se tornar uma reciclagem de ACM, herdando o seu espólio, assim como suas atitudes doentias na forma de se fazer política. E as evidências estão aí, no uso da máquina pública para a cooptação de prefeitos, em diversos municípios; na ausência de parâmetros ideológicos quando contribui para que sua sigla lidere o balcão de negócios que hoje é o Congresso Nacional; no flertamento de qualquer partido – inclusive aqueles há bem pouco tempo pernicioso no seu maniqueísmo político – com objetivos eleitoreiros. Então, partindo desse pressuposto, não seria surpreendente o seu projeto pessoal em usar uma agremiação esportiva de massa, já preparando o controle social através do futebol, bem ao estilo do velho coronel, seu inimigo apenas no plano particular, mas aliado nos métodos truculentos e abusivos.
E é bom que os verdadeiros tricolores comprometidos com o futuro do clube estejam de olhos bem abertos para este detalhe. O nebuloso “geddelismo”, que é uma autêntica ameaça ao Estado, pode desembarcar antes de mala e cuia no Esporte Clube Bahia, provocando assim um grande retrocesso para aqueles que desejam a tão sonhada democratização tricolor.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O MISTERIOSO "ESTÁDIO TRICOLOR" DE 1971

Antes de iniciarmos as discussões, é importante ressaltar que a foto ao lado não é mera ilustração para o tema extraída no “google” ou outros sites de buscas. Foi a maquete produzida no entendimento entre a própria diretoria tricolor e a Construtora Norberto Odebrecht na época. Reparem a suntuosidade do projeto, movimentado com a mesma intensidade que terminou sendo a enganação ao torcedor.

O ano de 1971 é indubitavelmente recheado de mistérios quanto aos fatos esportivos. De cara, dois assuntos são considerados proibidos pela crônica esportiva até hoje, mesmo com a indubitável lembrança, quando certos acontecimentos recentes ativam as memórias antigas. Um dos episódios tradicionalmente “esquecidos” em debates é o pânico ocorrido na reinauguração da Fonte Nova – em 04.03.1971, com ampliação de mais um anel, aumentando a capacidade de torcedores – cujos dados (oficiais) de vítimas é de 2 mortos e 2086 feridos. O desastre de novembro de 2007 obrigou apenas menções tímidas, de uma época em que os impactos da tragédia teriam que ser minimizados, pois estava em jogo a propaganda oficial do Regime Militar (contando com os elementos do futebol como instrumento de manipulação social), a imagem administrativa do governo de Luís Viana Filho (pois esta obra serviria como cartão postal em consultas futuras sobre sua gestão), além dos próprios anseios da imprensa em aproveitar a estrutura colossal do estádio (o 4º maior do país na época) para tentar alavancar o futebol baiano.
Ultimamente se assiste uma verdadeira via-crúcis do Bahia na procura de uma praça esportiva adequada para mandar seus jogos. Camaçari e Feira de Santana foram reprovados pela torcida. Já se cogitou o Estádio Lourival Batista (Aracaju), e até passou por humilhações ao solicitar, sem sucesso, o Manoel Barradas. Mas enquanto os “eternos” tricolores correm os pires, incrivelmente, ninguém “lembra” que em 1971, as vésperas da reinauguração da Fonte Nova, o Bahia chegou oficialmente anunciar a construção do seu estádio, numa área onde hoje estão instalados desde o Shopping Iguatemi, até os limites do terreno do Grupo Wall Mart, que controla a rede de supermercados Bompreço. Numa nota observada na edição de A TARDE em 06.05.1971 (Pág. 11), dava conta da existência de uma placa com anúncio no suposto local da edificação.
Uma leitura pelo Jornal da Bahia em sua edição de 23/24 de maio daquele ano, por exemplo, evidencia que tratava-se de uma obra grandiosa, capaz de um reordenamento no mapa das principais praças esportivas, não somente do Brasil, mas de todo o planeta. E não era de causar dúvidas quanto ao sucesso do empreendimento. Afinal, ao contrário de hoje, o Bahia não era um clube qualquer. A agremiação colhia os louros do reconhecimento no país, detentora da hegemonia no Norte-Nordeste. Onze anos apenas separava da noite de 29 de março de 1960, quando levantou o troféu da I Taça Brasil, sendo daí o primeiro a participar da Taça Libertadores da América. Não por acaso o Bahia, juntamente com o Santa Cruz (coincidentemente vivendo intermináveis crises institucionais na atualidade), eram as únicas associações nordestinas a marcarem presença anual no Torneio Roberto Gomes Pedrosa (o Robertão – espécie de campeonato brasileiro até 1971), o que levava a imprensa na época a tratar o Esporte Clube Bahia como uma espécie de embaixador do futebol baiano, num momento em que celebrava o seu quadragésimo aniversário. Estou até desenvolvendo um pensamento no qual, o Bahia pode ter sido o principal motivo para a rearrumação no ranking nacional iniciado neste mesmo ano pela antiga CBD (e ainda hoje em vigor), pois estava sendo densoroso para a paulistada e a cariocada tamanha coleção de pioneirismos cabendo a um clube do Nordeste, ofuscando certos méritos que poderiam abrigar, por exemplo, num Santos, num Botafogo, tão decantados em prosa e versos pelo mundo.
O estádio teria capacidade para 110.000 pessoas sentadas (perderia em tamanho apenas para o Maracanã) e o prazo para a execução da obra era de 23 meses. Ou seja: inauguração prevista para os primeiros dias de 1973. O que mais chama atenção na montagem desta engenharia é a forma inédita quanto a arregimentação de parceiros, praticamente sem ônus para o Esporte Clube Bahia. Conforme reportagem do Jornal A TARDE, em 14 de abril de 1971, na construção do “Estádio Tricolor” (termo inicialmente batizado para o projeto), caberia a construtora responsável (Norberto Odebrecht) a compra do terreno (na época custou Cr$ 6 milhões), a edificação do equipamento, e ainda a venda de cadeiras cativas, no sentido de garantir os recursos. Pelo acordo, os acentos (em torno de 10.000) seriam de propriedade da construtora, cujo comprador teria a posse vitalícia e hereditária, podendo-o vender, transferir, etc., em momento que julgar conveniente. Teria também 5.000 vagas exclusivas para automóveis, das quais 1.000 seriam vendidas ao público que, automaticamente, ganharia direito de exploração por uma década, e ainda a prioridade na renovação do vínculo, caso o prazo expirasse. Diz o periódico na data supracitada, alicerçado em declarações do então diretor de patrimônio do Bahia, Engº Hélio Pereira: “o clube escolheu um processo pioneiro para a construção do seu estádio. Enquanto o São Paulo F.C e o E.C Internacional empenharam-se diretamente na construção do Beira Rio e do Morumbi, com isto prejudicando outros setores de atividades, inclusive o nível do seu futebol, o Bahia preferiu aliar-se a uma empresa privada, com estrutura já montada para suportar equipamento de tal vulto”. Em outras palavras, a Construtora Norberto Odebrecht se preocuparia com a materialização do projeto, enquanto o Bahia – além de não gastar um tostão – continuaria com as suas atenções voltadas apenas para o futebol e outras modalidades esportivas.
Os jornais da época deixam em evidência que o então presidente do Bahia – ao contrário do que informa o site oficial tricolor, não sabendo se por engano ou conveniência – era Alfredo Saad, que posava de mecenas tricolor e, consequentemente do futebol baiano, mas que saiu do clube ainda em 1971 sob fortes acusações quanto a seus procedimentos administrativos, deixando o cargo para o seu sucessor, Manoel Inácio Paula Filho, cuja diretoria orbitava figuras já carimbadas nas hostes azul, vermelha e branca, a exemplo de Osório Villas Boas, Zezito Ramos, e um certo Paulo Virgilio Maracajá Pereira, futuro diretor de futebol, já no mandato de Wilson Trindade.
Existiam rumores de que o Governo da Bahia não apoiava a edificação do estádio, provavelmente porque, uma vez ativado, o “Estádio Tricolor” ofuscaria a recém reformada Vila Olímpica da Bahia, embora nenhum clube baiano ainda possuísse praça esportiva própria. Mesmo assim, o Jornal A TARDE de 6 de maio de 1971 noticia o encontro do Engº Norberto Odebrecht e diretores do Bahia com o então governador Antônio Carlos Magalhães, no qual ficou acordado o acionamento do prefeito Cleriston Andrade para autorizar burocraticamente o início dos trabalhos, além do batismo do estádio com o nome do governador. Uma grande campanha de lançamento a ser veiculada em todos os meios de comunicação de massa também foi prometida, onde a ajuda do torcedor seria peça fundamental (obviamente com a compra das cadeiras cativas e das vagas extras do estacionamento).
Em meio a essas pesquisas (centradas nos meses de fevereiro de 1971 até o início do ano seguinte) algo me causou profunda estranheza: enquanto o tempo ia passando no folheamento dos periódicos consultados, enquanto que o pobre torcedor ia provavelmente delirando com o anúncio do lançamento da pedra fundamental de uma obra que transformaria para sempre a história do seu clube, as notícias referentes ao tema iam gradativamente se esvaziando. O que se falava com grande estardalhaço no começo, aos poucos se resumia em pequenas notas de canto de páginas e, posteriormente, não mais se mencionando qualquer linha acerca do assunto. Dava-se como certo o início dos trabalhos das caçambas e tratores o mês de maio, depois julho, em seguida setembro, outubro, janeiro / 72... Ao final da consulta, a impressão era de que o assunto não existia.
Provavelmente o caro leitor deve estar esperando ansiosamente por um desfecho dessas linhas. Mas infelizmente este texto ficará inconcluso, até porque, a cada leitura nos periódicos da época iam se minguando as certezas e aumentando as dúvidas sobre este nebuloso episódio, ainda mais que, como dito anteriormente, o Bahia não gastaria um vintém nesta obra. Estou colocando o assunto em pauta visando o estímulo nas discussões. Continuo sempre que posso escarafunchando documentos na esperança de esclarecer algo que pode servir de somatório neste processo de decadência do clube. E peço a cada um de vocês a colaboração de importantes detalhes pra que possamos aqui montar o quebra-cabeças. É preciso o conhecimento, por exemplo, sobre o destino dos recursos com a provável venda de cadeiras cativas; se o Bahia foi compensado financeiramente pelo uso aleatório de sua marca; é de bom alvitre também a compreensão de como aquele terreno, de uma hora para outra, foi parar nas mãos dos representantes da Nacional Iguatemi, além do grupo liderado pelo Sr. Mamede Paes Mendonça; enfim, quaisquer detalhes que levaram ao silencio dos “eternos dirigentes”, dos “formadores de opinião”, da Construtora Norberto Odebrecht, do Estado da Bahia, dentre outros que certamente mudaram a trajetória de um processo que garantiria a auto-sustentabilidade financeira tricolor. Em outras palavras, não pretendo pôr fim a esta discussão, e sim volta-la em breve, com a contribuição de todos.
A certeza mesmo que fica é a de que, com o anúncio da construção do “Estádio Tricolor”, ou como alguns queiram "Estádio Antônio Carlos Magalhães" – sem que tivessem a noção exata de sua viabilidade, ou se tinha, mas o estardalhaço servindo como meio apenas de valorizar o terreno para outros fins imobiliários – a torcida tricolor na época foi utilizada como massa de manobra, como brinquedo pelos dirigentes da época, alguns hoje ainda em atividade, comportando-se como se nada tivesse ocorrido. E nem mesmo Pelé (ele mesmo) escapou deste tipo de engodo, já que, ao tomar conhecimento do projeto e da maquete da obra, prometera a Alfredo Saad não somente vir à inauguração da praça esportiva, como também atuar com a camisa do Esporte Clube Bahia no dia festivo que nunca chegou, conforme registrado no Jornal da Bahia, em 7 de abril de 1971 (Pág.6).
IMAGEM: Jornal A TARDE: Quinta feira (06.05.1971) - Coluna "Fora das Manchetes" - Pág. 11.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

CONTRIBUIÇÕES DA IMPRENSA RADIOFÔNICA PARA A MEDIOCRIDADE DO BAHIA

Em diversos momentos, afirmei sobre a existência de vários fatores externos – para além da incompetência administrativa dos dirigentes – que transformaram neste lixo estrutural que hoje é o Esporte Clube Bahia. A memória me dá conta aqui de alguns, a exemplo do culto ao personalismo que paira na FBF ao longo dos anos; da indiferença por parte da CBF e da pesada mídia do Sul Maravilha com o futebol nordestino; além da famigerada Lei Pelé, que praticamente liquidou a oportunidade de crescimento de clubes que basicamente sobreviviam da comercialização dos direitos federativos dos atletas emergidos em suas divisões de base, favorecendo a partir de então, os grandes empresários, que passaram a ficar com a maior fatia do bolo. Tudo isso leva a concluir que os infortúnios que abatem o Bahia têm lá a sua ajuda “por fora”. Mas não podemos perder de vista que em pelo menos 80% das causas estão mesmo dentro dos muros do Fazendão, mais precisamente nas mãos e cabeças dos homens que ainda insistem em ter o Bahia como um brinquedo de suas propriedades.
Mas nas linhas que se seguem, é importante abordar um outro fator externo que vem contribuindo, e muito, para o já conhecido enxovalhamento tricolor ao longo das últimas décadas: refiro-me a atuação da imprensa esportiva radiofônica da Bahia. E por que não discutir as outras mídias? A resposta é elementar: os programas esportivos de TV., devido ao curto espaço de tempo, costumam priorizar os assuntos por um viés jornalístico, embora vez por outra costuram alguns enfoques analíticos. Jornais, revistas, e algumas home pages trabalham com as duas vertentes (informação e análise), e de forma que chega até se aproximar do contexto real dos fatos, bem porque está direcionada a um público menor, concentrado nas camadas intelectuais, nas classes economicamente distantes do segmento popular, que além do acesso a conteúdos perto do imparcial, ainda podem interativizar as informações recebidas.
Já com o rádio a situação é simetricamente oposta. Veículo de alcance direto às massas (não esqueçamos de que há ainda famílias nos grandes centros, e até cidades inteiras que estão alijadas das imagens de TV, por exemplo), passou toda a sua história apostando na idiotização das massas, de forma a prevalecer a ideologia dominante. E com o esporte, e particularmente nos movimentos que terminaram por qualificar o futebol baiano – e especialmente o Esporte Clube Bahia – em linguagens amadorísticas, não seria diferente.
Mas, para que o leitor perceba melhor a parcela de contribuição daqueles que hoje se intitulam “formadores de opinião” (eu trocaria o termo para manipuladores de consciências) quanto ao rebaixamento institucional do Bahia, é necessário antes um recuo histórico, discutindo em linhas gerais, o processo do uso do rádio para a idiotização dos indivíduos, Brasil afora. Tal fato ocorreu a partir da década de 1930, quando houve incentivos para o fortalecimento deste meio de comunicação, visando o estímulo à arte popular. Com o poder do contato direto e irrestrito a ouvintes de diversas camadas sociais, o governo populista de Getúlio Vargas forjava a crença na preocupação das autoridades quanto aos problemas do país, enquanto o povo se divertia com a massificação de aparatos culturais alienantes. Vargas apenas acompanhou a tendência de outros grandes líderes da época, como Hitler, Stalin e Roosevelt, que utilizaram as ondas do rádio, no intuito de propalar suas bases ideológicas e, concomitantemente, lapidar seus índices de aceitação perante o grande contingente, através do atrofiamento da capacidade crítica dos indivíduos. O uso da “Hora do Brasil” (hoje “A Voz do Brasil”) – criado em pleno Estado Novo (1939) – é produto deste tipo de estelionato cognitivo.
Os anos se passaram e, apesar do rádio ter cedido a sua pujança à TV., o seu papel ideológico continuou e continua inalterado. Prova disso é que as estações ajudaram, para ficarmos no esporte, na difusão da propaganda do regime militar, quando Médici aproveitou a conquista do tri mundial, para utilizar os elementos do futebol no intuito de mascarar seus genocídios e perseguições, e ao mesmo tempo, mostrar para o mundo a imagem de um Brasil em pleno desenvolvimento, com o seu povo ordeiro e na mais completa felicidade. O rádio também foi peça importante na propagação dos famosos coronéis-dirigentes antecessores às pragas maracajianas a partir da década de 1960, bem como o lançamento destes na política, tendo como meios, os holofotes atraídos para os clubes que comandavam. Uns enxergam as idéias propaladas por Osório Villas Boas no seu livro “Futebol, Paixão e Catimba” como folclóricas; outros vêem como procedimento adequado à sua época; Há também quem observe como uma patacoada, um atentado a ética desportiva. Mas o certo que aqueles conteúdos encontraram no rádio o abrigo certo para a alimentação de tal polêmica, sob a anuência / conivência dos cronistas, muitos deles ainda hoje em atividade, fingindo que o assunto não é com eles.
Tais raciocínios ajudam a explicar algumas causas que impeliram, não na decadência, mas na estagnação do rádio, enquanto outras mídias estão em acelerado processo de mudanças, ainda que passíveis de criticas contundentes. Em meio a série de reportagens produzidas pelo Jornal A TARDE em 2006, sobre a interminável crise tricolor, o periódico foi de uma felicidade incrível quando afirmou que “a imprensa baiana [hoje] (...) é a mesma ou pouco reformulada, daquela que vangloriava o time campeão de 1988” (A TARDE E.C – 08.12.2006, Pág. 6), isto é, as mesmas peças humanas estão aí, pelos microfones da vida, dizendo as bobagens que já estamos acostumados a ouvir todos os dias. Mas não acredito que seja por incompetência pessoal, e sim por conveniência – embora haja certo chefe de equipe esportiva de uma emissora das bandas do Garcia que, ao abrir a boca, se constitui sem dúvidas, numa verdadeira agressão aos estudantes de comunicação da FACOM / UFBA, ou recém formados que lutam por seu lugar ao sol.
A conveniência que interpreto no comportamento de boa parte da crônica esportiva do rádio na idiotização dos torcedores, em especial do Esporte Clube Bahia, tem a ver com as articulações com os dirigentes, no religioso pagamento do “jabá”, isto é, as viagens, as hospedagens em hotéis de luxo, os almoços, tudo em troca de um ridículo silêncio em momentos graves, como o que ora vivemos. Pobres espíritos! Poderiam abdicar desse conluio mediocre para o anestesiamento das massas, em prol do crescimento do futebol da Bahia, e por conseqüência, da valorização deles mesmos profissionalmente. Ao invés de abrir autênticas mesas redondas para falar de frente com o torcedor sobre o que ocorre sem mascaras, insistem em suas quase quatro horas diariamente distribuídas em resenhas / transmissões esportivas discutindo e lamentando futilidades, do tipo “fulano está com o pezinho doendo e é grande dúvida para domingo”. Reparem que nesses programas valorizam-se certas atitudes, como perguntas a jogadores e comissão técnica de respostas previsíveis (como o setorista que indaga ao atleta se está contente com a vitória ou triste com a derrota do seu time – quanta saudade de João Saldanha, para dar a resposta condizente!), repetições de raciocínios (pífios) em diversos momentos na mesma programação, quando não estão contendo a fúria dos incautos com propostas vazias, do tipo “ vamos esperar que o Bahia alcance o seu objetivo em campo. Os jogadores precisam de tranqüilidade. Quando acabar o campeonato, aí sim, é hora de todos sentarmos à mesa para discutirmos a administração do clube”, numa manjada artimanha, cujo objetivo é tão somente a blindagem dos “eternos”, apostando no esquecimento dos problemas empurrando-os com a barriga, a cada vitória inexpressiva, sobejamente comemorada contra adversários de igual teor.
A motivação maior quanto as tradicionais compra de consciências de cronistas do rádio pelos cartolas é o reforço em suas perpetuações nas delícias do poder. É por isso que um grupo de torcedores que protestam – mesmo que pacificamente – contra o atual estado de coisas, são sempre taxados pelos “formadores de opinião” de sanguessugas, baderneiros, falsos tricolores, que querem tumultuar, liquidar com a vida da agremiação. Os bons e verdadeiros tricolores para eles são aqueles cordeirinhos, como o cidadão que anda por todos os microfones dizendo que “o Bahia vai ser campeão da Copa do Brasil, campeão baiano, brasileiro e da Libertadores”, ainda que os próprios entrevistadores que se divertem com suas declarações, tenham plena certeza da inviabilidade material e moral para esta façanha, pelo menos neste instante. Bons e verdadeiros tricolores são aqueles que crêem nas rotineiras humilhações, não como fenômeno racional (péssimo planejamento administrativo), mas como fenômeno mágico (“foi porque Deus quis assim”; “foi porque o Bahia jogou com a camisa azul, quando deveria ser com a branca”, etc.). Quem não já teve o constrangimento ao perceber seu raciocínio interrompido quando eles permitem com reservas a participação do ouvinte ao telefone – numa tentativa de camuflar uma pseudodemocracia em seus programas – no momento em que idéias vão de encontro ao forjamento da realidade, como eles sempre fazem?
Todos esses movimentos supracitados são acrescidos de uma carga considerável de sensacionalismo, tudo em nome da blindagem dos “eternos”. Lembro como exemplo o comportamento da equipe esportiva de uma emissora de rádio localizada na Federação, que após o fatídico jogo entre Bahia x Vila Nova em 2007, esqueceu momentaneamente os impactos da tragédia, para exaltar a importância do ex-dirigente – recentemente preso pela Polícia Federal durante a Operação “jaleco Branco” – para a ascensão do Bahia à Série B).
Em suma, há de se acreditar no contributo significativo da imprensa radiofônica, nesta caminhada do Bahia ao poço cada vez mais sem fundo – e com métodos produzidos historicamente. O clube vive mergulhado em dívidas e escândalos, mas está sempre agradando “formadores de opinião”, narradores, setoristas, tudo isso para que estes prepostos levem aos incautos a idéia bizarra de que os vexames, as improbidades de décadas são resultantes apenas de uma escalação errada do treinador, da falta de condicionamento técnico / físico do elenco atual. Caso contrário – o de não ser possível alimentar o bolso desses homens de comunicação – aí para os “eternos”, há o iminente perigo de os cronistas tomarem um banho de conscientização repentina, passando a defender o óbvio: de que o Bahia, ou melhor, o futebol da Bahia, precisa urgentemente de uma revolução no gramado, nas pessoas e nas idéias.
IMAGEM: flickr.com/photos/rtppt/2548067339/

sábado, 2 de agosto de 2008

VENDA DA SEDE DE PRAIA SEM A COMPANHIA DE PLANEJAMENTO A MÉDIO E LONGO PRAZO

Uma das últimas notícias que refletem o declínio institucional do Esporte Clube Bahia dá conta da intencionalidade de negociação da Sede de Praia da Boca do Rio, que ao longo dos anos, se transformou num esqueleto arquitetônico com vista privilegiada para o mar.
Os valores estimados já estão nas mesas de discussões, mas já é consensual que o imóvel não deva ser desfeito por menos da ordem de R$ 50 milhões, ainda mais com a liberação do aumento do gabarito da orla de Salvador, anuído pelo novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) no ano passado. Os amantes do ECB se vêem verdadeiramente assombrados diante do temor de uma transação mal sucedida (tanto no tocante à venda, bem como no direcionamento dos recursos auferidos), pois a diretoria da agremiação não carrega nenhum histórico de credibilidade quanto à competência em promover a autolucrativização orçamentária. É preciso pensar, pois esse montante envolve o único patrimônio material tricolor disponível (para quem não se lembra, as péssimas influências do Basa levaram ao Bahia liquidar bens materiais (Fazendão e inúmeros atletas) e imateriais (escudo, hino e bandeira) para a famigerada Liga do Futebol – processo inclusive que dorme nos arquivos dos promotores do Ministério Público do Estado).
Já disse neste espaço certa ocasião, que competência mesmo, esses jurássicos diretores possuem quanto à transformação de dinheiro em polvilho, na transmutação de R$ 1 milhão em R$ 1 real. As desastrosas vendas de vários atletas por valores irrisórios, além da inabilidade em fazer o bolo crescer a partir do fermento injetado com os R$ 12 milhões, resultantes do contrato que deu início à parceria com o Banco Opportunitty do misterioso e corrupto Daniel Dantas em 1998, ilustram bem as afirmações supracitadas.
Mas é hora de pensarmos no futuro do clube, embora os “eternos” não façam. Reparem que em nenhum momento eles vislumbram onde aplicar este dinheiro, com vistas a garantir os destinos do clube a médio e longo prazo. Em seus discursos pífios, os objetivos não aparecem bem claros. Fala-se em aplicar na formação de um razoável elenco de atletas. Mas este é indubitavelmente um investimento volátil. É perfeitamente comparável ao direcionamento desses recursos em bolsa de valores, onde o seu desfecho (quanto ao sucesso ou fracasso) é completamente imprevisível.
É aí que sentimos a ausência de gestão, a falta de planejamento e de compromisso desses homens com a preservação daquilo que resta da própria história tricolor. Não é preciso dispor de amplo conhecimento em administração, para perceber a necessidade em canalizar parte desse montante (ainda que pequena) na compra de um espaço, o qual serviria de retorno à contribuição dos associados e, concomitantemente, promover a geração de receitas, aí sim, beneficiando o departamento de futebol (se é que o Bahia hoje tem isto no sentido prático). A falta de inteligência desses senhores é tão visível que sequer cogitam, por exemplo, a montagem de algumas lojas para a comercialização de produtos licenciados pela instituição; na parceria com empreendedores na construção de shopping center; na permuta da área com o governo pelo Estádio de Pituaçu, ainda que esta seja uma articulação de natureza complexa. Mas continuam pensando de forma mesquinha no ontem (estimulando aos incautos se vangloriarem com duas estrelas já enferrujadas de bicampeão brasileiro), no hoje e, no máximo, no próximo jogo. Em outras palavras, esses indivíduos, sem perspectivas bem definidas, insistem em enxergar o Bahia enquanto clube de passado e sem futuro.
Em condições normais, a vigílha do processo de venda, bem como da aplicação do dinheiro caberia ao Conselho Deliberativo e Fiscal da agremiação. Mas estamos cientes de que essas vacas de presépio (leia-se parentes, amigos, vizinhos de rua das pragas maracajianas) mais têm contribuído para levar o Esporte Clube Bahia ao abismo. Portanto, cabe aos poucos associados ficarem de olhos bem abertos, antes que os valores relativos ao seu único patrimônio material desçam inexplicavelmente pelo ralo, ou até suma na bacia das almas. Particularmente, até defenderia uma ampla reforma naquele equipamento, pois o vejo como um grande meio de atração de sócios (embora os eternos ditadores não desejem) e de revitalização dos clubes sociais pelo qual Salvador precisa. Mas se o desejo da maioria é a venda do imóvel, devemos nos comportar como a última trincheira, o derradeiro bastião no esclarecimento de questões que naturalmente se seguem: para onde vai esse dinheiro? Qual será o retorno dado pelo Bahia diretamente aos associados? O que a diretoria fará de concreto com essa hipotética venda, de forma a garantir o futuro da instituição a médio e longo prazo? Haverá a reserva de uma parte deste orçamento na compra de um espaço físico, no intuito de gerar receitas, oxigenando o futebol? São indagações que em nenhum momento podem se calar. E a responsabilidade é nossa.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

AS ATUAÇÕES "OPOSICIONISTAS" DE UM LÍDER DE TORCIDA ORGANIZADA E DE UM ADVOGADO

Entre setembro e novembro de 2006, já com o Bahia amargando mais uma coleção de humilhações em seus 75 anos, sendo obrigado a reiniciar sua trajetória na constrangedora Série C no ano seguinte, tudo caminhava para o merecido pontapé nas pragas maracajianas, como tanto desejava a nação tricolor. Petrônio Barradas - certamente a mando do seu chefe que simultaneamente usufrui do cargo de conselheiro no TCM - ratificava como na época de sua eleição (2005) sobre a reforma do obsoleto estatuto, liberando aos associados à livre escolha de seus representantes, já no pleito de 2008. Seria esta uma forma de arrefecer os ânimos, já que as agonizantes reuniões entre situação e oposição, mediadas pelo desembargador Dutra Cintra, não apontavam quaisquer tipos de avanços para a “união em torno do bem comum do Bahia, onde todas as correntes possam caminhar em prol do resgate ao engrandecimento do clube”, como bem costuma propalar setores da imprensa “jabazeira”, principalmente radiofônica.
É quando surgem os noticiários convocando a torcida tricolor visando a famosa passeata de 24 de novembro no centro da cidade. Neste cenário aparecem dois atores no mínimo estranhos à organização deste espetáculo: o líder de uma conhecida torcida organizada e um advogado, os dois conselheiros do clube, que participaram diretamente dizendo amém a todos os desmandos nas gestões do Bahia nos anos de intermináveis crises. O primeiro em troca dos ingressos, das passagens para acompanhar as partidas fora de Salvador para si e seus integrantes da facção, numa moeda de troca para calar a boca em momentos críticos. O segundo por ser advogado de um ex-presidente – de tristes recordações – portanto, seu fiel escudeiro.
A indagação mais ouvida naqueles dias era a seguinte: por que dois personagens que marcaram presença ativa em todas as desgraças que abatiam a agremiação, agora vêm posar de oposicionistas aos olhos do povo? Não era possível que, de uma hora para outra, eles viessem a concluir pela necessidade de uma reengenharia administrativa no Esporte Clube Bahia, esculhambando aqueles que recentemente estiveram lado a lado nas alegrias momentâneas e nos incontáveis vexames. Isso muito aguçou as desconfianças de diversos contestadores históricos deste método arcaico de direção, levando-os ao afastamento do evento público no dia supracitado. Apesar de muitas promessas – criação de CPI na Assembléia Legislativa, prazo de 72 horas para a renúncia coletiva dos eternos coveiros, etc. – a passeata, embora numerosa (com uma Fonte Nova lotada nas ruas) foi esvaziada em seu conteúdo programático, partindo do nada a lugar nenhum.
As participações do líder de torcida organizada e do advogado em suas atuações oposicionistas ganharam contornos mais claros no “protesto” ocorrido esta semana (dia 11.06) nas dependências do Fazendão. Dizendo-se impacientes com o atual estado vexatório do clube, uniram as principais correntes contra a atual administração, no sentido de reivindicar a promessa feita pelos “eternos” em 2005 – eleições diretas imediatas – além de fomentar inteligentemente as esperanças de uma torcida agoniada, infeliz, e agora frustrada. Quando todos os que conseguiam acreditar em suas pseudosinceridades vislumbraram algum tipo de avanço concreto, surge nos noticiários um “acórdão”, no qual se renovam as promessas de eleições livres por mais três anos (2011), desta vez facilitando o sufrágio das pragas maracajianas em dezembro próximo, de forma mais tranqüila do que a conturbada assembléia anterior (2005). Seria uma forma de manipular a torcida e as principais correntes de oposição – cujos membros ganham agora nariz de palhaço – numa artimanha em que os “legítimos representantes” dos anseios da nação tricolor – o líder de organizadas e o advogado – entravam em entendimento com os seus amigos e padrinhos da diretoria. A impressão deixada na verdade, é de que o primeiro personagem tinha como grande proposta para “revolucionar” a gestão do clube, a devolução de suas migalhas em forma de ingressos, subtraídas pela crise financeira de um clube moribundo, embora com uma marca potencialmente grandiosa, mas por conta de vaidades, acumulou uma dívida perto de R$ 70 milhões em 10 anos. Já para o advogado, a “ressurreição” da dignidade moral do clube perpassa inevitavelmente pela sua recondução ao confinamento na atual diretoria, em companhia dos “cardeais”, algo estremecido desde o nebuloso episódio envolvendo o distrato com o Banco Opportunitty, além da “parceria” que terminou por beneficiar certa casa de shows.
Ao se tratar dos interesses da maioria dos tricolores, tanto o líder da torcida organizada quanto o advogado, exercem na prática espécie de peleguismo, já que se comportam como oposicionistas, mas estão sempre articulados aos anseios de seus amigos “cardeais”. Não seria surpreendente se alguém disser que a contenda de quarta feira no Fazendão fosse organizada secretamente entre o chefe da torcida organizada e o advogado, sob a anuência da própria diretoria do clube, no sentido de pulverizar as insistentes lutas pela democratização do E.C. Bahia, buscando para isso a massa tricolor e as correntes oposicionistas como massa de manobra.
IMAGEM: bp2.blogger.com/.../s320/nariz+vermelho.JPG

sexta-feira, 6 de junho de 2008

DIRETORIA, PARA MANTER SUA VAIDADE, PRETENDE DESPREZAR PITUAÇU

Cada vez que se observam certas atitudes que empurram o Bahia ao ridículo, cada vez que seus “eternos” diretores protagonizam patacoadas capazes de enxovalhar ainda mais uma instituição de 77 anos juntamente com sua torcida, gera o consenso de que a intenção dos senhores Paulo Maracajá, Petrônio Barradas, Ruy Accioly e Marcelo Guimarães é de colocar o clube em liquidação, no sentido de preservar suas vaidades. Ceder aos apelos, não somente dos tricolores, mas de toda a sociedade baiana – o de preparar a tão sonhada democratização da entidade - significa em suas mentes insanas o reconhecimento público de suas incompetências. Para eles, é mais lógico permanecerem unidos nesta ilha de mediocridades, ao invés de encarar este ato como um gesto de grandeza.
O que mais se discute sobre o decadente Esporte Clube Bahia ultimamente, é sobre o caos financeiro que aterroriza a instituição, inviabilizando a montagem de um elenco digno de suas tradições, visando a imediata ascensão à Série A do Campeonato Brasileiro em 2009. A alegação dos “eternos”, sempre para distrair os incautos, é a ausência [agora] da “galinha dos ovos de ouro” chamada Fonte Nova. Nesta hora “esquecem” que este mesmo estádio está em inatividade há apenas sete meses, mas a torcida teve a infelicidade de assistir daquelas arquibancadas lotadas, memoráveis elencos vexaminosos por mais de uma década. E em meio as justificativas fajutas, os “cardeais” propalavam naquela época que arrecadação de jogos não se costituiam como fiel da balança para a formação de elencos competitivos. Seria basicamente a quarta ou quinta fonte de arrecadação em importância, em relação a atual realidade do futebol.
Associado a este aspecto, ocultaram, por exemplo, os valores resultantes do contrato com o Opportunity que – embora sob acordos misteriosos – projetou à agremiação recursos inicialmente na ordem de R$ 12 milhões, devendo este autolucrativizar, mas sumiram na bacia das almas. E quem aqui não se lembra das bizarras transações envolvendo atletas recém-saídos das divisões de base, chegando ao ponto de o presidente do Sevilha avaliar sardonicamente toda a incompetente diretoria tricolor, durante a liberação do hoje lateral titular da Seleção Brasileira, Daniel Alves?
Tais narrações supracitadas ilustram na verdade a inoperância desses indivíduos em valorizar cada centavo potencialmente rentável no clube. O que esta cúpula administrativa tem mesmo é a pífia sabedoria em transformar R$ 1 milhão em R$ 1 real. No Bahia se costuma atirar os poucos recursos pela janela e ainda se recusa a entrada de moedas em seus cofres se estas vierem condicionadas a reformulações internas, a partir do seu obsoleto estatuto. É por isso que dez em cada dez marqueteiros desejam reacender a marca Bahia, mas não se arriscam pela falta de gestores competentes para auxiliá-los em tal empreendimento.
E o apego ao poder a qualquer custo foi demonstrado na mudança de critérios por parte do governo estadual no programa “Sua Nota é um Show”, passando a fazer parte da coleta de recursos a associação que modificar seus estatutos, promovendo eleições diretas, o que impeliu as pragas maracajianas se desligarem imediatamente desta parceria ainda em setembro de 2007.
E esses senhores feudais continuam firmes na manutenção de suas vaidades, diante das notícias de que o Governo do Estado pretende, sob os mesmos critérios do “Sua Nota é um Show”, licitar a administração do Estádio de Pituaçu, tão logo esteja reformado. Mas desta vez, os efeitos podem ser bem mais devastadores para os “eternos”. Isto porque, enquanto o programa com base na troca de notas fiscais tem como grau de interesse apenas uma parcela de freqüentadores dos jogos, a chance de o Bahia controlar a praça esportiva mexe com as atenções de todo o conjunto da torcida tricolor, pois todos sabem que um estádio administrado por um clube atenuam os seus apertos financeiros, já que proporciona exploração exclusiva das placas publicitárias, maior fatia do borderô, isto sem falar em dinheiro extra advindo de eventuais aluguéis a outras agremiações e para eventos diversos (culturais, religiosos, etc.). Em linhas gerais, o desprezo a esta possibilidade será indubitavelmente a gota d´agua para esses homens que utilizam as coisas referentes ao Bahia, como sendo quaisquer brinquedos de suas propriedades. É preciso que todos fiquem de olho, antes que a Inês seja morta e a administração do estádio vá parar em outras mãos. Não é admissível deixar uma “tábua de salvação” como esta - capaz de reduzir os sofrimentos, as humilhações de todos os tricolores, seja completamente descartada por conta dos interesses de meia dúzia de indivíduos despreparados e inconseqüentes. Urge a necessidade imperiosa de acelerar o processo de sucumbimento dessas caricaturas de dirigentes, antes que estes consolidem a pulverização do Esporte Clube Bahia.
IMAGEM: www.jornaldamidia.com.br/.../pituacu1.jpg

LINHA DO TEMPO NA MEDIOCRIDADE

Antes, podia-se contratar à vontade, porque a torcida pagava. Em seguida, passou-se a utilizar a constrangedora “política de pés-no-chão”. Agora, as aquisições são feitas vulgarmente à “meia-boca”. Quanta decadência!!!

quinta-feira, 13 de março de 2008

MUDANÇA NO PERFIL DOS QUE DESEJAM SE ASSOCIAR AO CLUBE ASSOMBRA A DIRETORIA

A reportagem na edição do Jornal A TARDE de 13.03 – dando conta das queixas de alguns torcedores que foram impedidos de se associarem ao Esporte Clube Bahia – pode ter sido novidade para muitos, mas não surpreendeu a nenhum de nós, que acompanhamos com riqueza de detalhes o calvário institucional do clube há anos, bem como as artimanhas protagonizadas pelos péssimos atores que lá estão, no sentido de se manter no poder.
Até o final da década de 1980 – quando não havia problemas políticos, e muito menos clamores por eleições diretas – os “eternos” até faziam campanhas para adesão maciça de sócios, oferecendo brindes para os adimplentes e a contrapartida da então vistosa Sede de Praia aos familiares dos sócios patrimoniais e remidos. A justificativa era pertinente: reforço na reserva orçamentária da agremiação, de forma a torná-la cada vez mais gigante. Muitos devem se lembrar das idas religiosas de Maracajá às emissoras de rádio e TV. – por ocasião da conquista de 1988, mesmo com o recorde no número de adesões (cerca de nove mil sócios em dia) – reclamar da incompatibilidade do número de sócios, com o momento de grandeza em que a instituição vivia.
Até este período, os torcedores que desejavam fazer parte do quadro associativo ingressavam apenas por motivos lúdicos – tomar banho de piscina na Sede de Praia, ou participar dos bailes de carnaval, por exemplo – sem ter acesso com clareza às outras atribuições que lhes eram garantidas estatutariamente. No futebol, o Bahia detinha a indiscutível hegemonia regional e marcava sempre presença nas cabeceira da tabela dos campeonatos nacionais, cuminando com a posse da Copa União em 1988. Nas modalidades amadoras, o clube era frequentemente um dos favoritos nas competições em que se inseria. Sendo assim, os torcedores pouco se interessavam em saber, por exemplo, que era potencialmente um presidenciável, desde que, com o mínimo de uma anuidade de contribuições financeiras regulares. Em outras palavras, eles simplesmente iam se contentando com migalhas, sem ter noção de que as suas atribuições legais eram muito maiores.
A partir dos movimentos que sinalizavam a decadência do clube, o perfil dos interessados em se tornarem sócios começou a se modificar consideravelmente. Cresceu de forma significativa o número de torcedores ansiosos em compreender melhor aquilo que se passa na política interna do Bahia. O desejo de um título patrimonial agora é precedido das seguintes indagações: quem são os atores principais que comandam a instituição; O que fazem (inclusive em sua vida privada); o que pretendem (principalmente a médio e longo prazo, e não somente agora), questões que levam essas pessoas a inexorável leitura do arcaico estatuto, no sentido da compreensão de suas entrelinhas. Não é a toa que os reclamantes preteridos pelos “eternos” que apareceram na reportagem do periódico são jovens, e com menos de 20 anos.
Ciente de tudo isso, as velhas pragas maracajianas vêm fazendo um esforço descomunal, com vistas a manter as bases do perfil antigo, impedindo o ingresso de novos associados com tergiversações (promessas vazias e sem fim da análise curricular dos pretendentes), proibições de transferências (de pai para filho, por exemplo), alegações de falta de fichas cadastrais (em pleno momento de crise financeira, quando o preenchimento das lacunas poderia ser feito até mesmo em xérox), e até a justificativa fajuta do falecimento de um familiar de certo funcionário do clube. Nem mesmo quem já possui o precioso título escapa da sanha preventiva dos jurássicos diretores. Há algum tempo, a Associação Bahia Livre já alertava – como precaução sobre uma eventual inevitabilidade de eleições diretas – o recebimento do boleto mensal, apenas informando sobre cursos de natação e ginástica na Sede de Praia. Em nenhum momento, a cobrança deixa explicita de que se trata de uma vinculação do cliente à condição de associado do Bahia.
Em suma, muito mais que motivações lúdicas, o perfil daqueles que desejam se associar ao Bahia é o dos que querem tomar conhecimento (principalmente) das composições políticas que configuram a agremiação. E isso amedrontam aqueles que estão destruindo o clube que fingem amar, somente para se preservar nas delícias do poder, as expensas de muitos sofrimentos e humilhações por parte de um conjunto de cerca de 6 milhões de torcedores espalhados Brasil afora. É assim que uma instituição – capaz de colocar média de 60 mil pessoas por partida em um estádio, com ingressos a preço digno de cinema de luxo, para assistir espetáculos de quinta categoria no gramado – somente tem cadastrada cerca de míseros 200 sócios adimplentes, com mensalidades de R$ 20.
E antes que alguém aqui venha questionar a preocupação dos “eternos” em ainda manter o quadro associativo em vigor, o raciocínio é simples: o cumprimento de uma obrigação prevista no obsoleto estatuto, isto é, evitar interferências na legitimidade da Assembléia Geral - promovendo o disfarce de que se trata de uma entidade democrática. E como essa assembléia não produz nada politicamente (e nem eles desejam, sendo que para isso, utilizam de todos os mecanismos imorais para mantê-la afastada das decisões sobre o futuro do Bahia, a não ser quando necessário convocar discretamente para dizer amém aquilo que foi “determinado” pelas vacas de presépio do Conselho Deliberativo) só resta como contrapartida aquele esqueleto arquitetônico em que ora se encontra a Sede de Praia.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

REPERCUSSÕES SOBRE A ORGANIZAÇÃO DA CONFERÊNCIA

Como em toda primeira experiência, algumas falhas ficaram visíveis no bojo da realização da Conferência Gigante Tricolor Luis Osório. A falta de excessiva divulgação nos meios de comunicação de massa, a obrigatoriedade da inscrição apenas pela internet, e o agendamento previsto para dia e hora comercial, afastaram a possibilidade de maior contingente nos debates. Alguns dos freqüentadores evadiram-se pelo atraso do início da reunião em mais de uma hora, e pelo impedimento de melhor interação com o palestrante Marco Aurélio Klein (que fez uma brilhante exposição sobre o tema “A Indústria do Futebol no 3º Milênio”), para tentar remediar a corrida contra o relógio.
As discussões grupais com os cinco subtemas (Novos sócios/Reforma do Estatuto; Divisões de base, previdência e assistência médico-social dos atletas; Marketing e licenciamento de produtos; Planejamento e gestão do futebol profissional; Patrimônio e estádio), que deveriam ser em separado – evitando, por exemplo, o esvaziamento de importantes idéias a serem colocadas em pauta – funcionaram conjuntamente num pequeno auditório, obrigando os palestrantes a competirem com o tempo, de forma a não atropelar as atividades dos convidados seguintes, bem como a cerimônia de encerramento da Conferência, a ser realizada em poucas horas. Muitos torcedores-participantes se sentiram frustrados, por não lhes terem disponibilizado o uso da palavra. Tentaram controlar até mesmo o ex-meia Douglas, que não conseguiu esgotar a sua interação com o expositor sobre a previdência de ex-atletas. Houve ainda certo desentendimento entre um coordenador do evento e um torcedor decepcionado, por ter o desenvolvimento do seu raciocínio interrompido.
Quanto a abordagem dos temas, em algumas foi além, e em outros, aquém do necessário. Um perfeita ilustração ficou evidente nas discussões referentes a “Patrimônio e Estádio”, onde se viu sobejamente uma defesa pela preservação da Fonte Nova – o que não pode ser desprezado – ao invés de se levantar propostas para que o Bahia construísse a sua praça esportiva. Nem mesmo sobre a degradante situação patrimonial existente (Sede de Praia, Fazendão, etc.) entrou em pauta. De qualquer forma, “me atrevi” a sugerir pelo tombamento da torcida do Bahia como patrimônio imaterial, já que esta encontra-se em processo de extinção. Mas os seus rostos mostravam uma reação como se a iniciativa estivesse estranha à temática.
Ainda assim, em meio às deficiências em sua organização, a Conferência abriu alguns aspectos positivos. Num deles, as tradicionais críticas à direção do Esporte Clube Bahia deram lugar à maximização de contribuições objetivando tirar o clube do abismo em que se encontra na atualidade. É importante também destacar a percepção, tanto na reunião como nas conversas interpessoais, na certeza da luta incessante pelo objetivo maior.
É interessante que o relatório com o escopo do trabalho seja entregue aos dirigentes do Bahia, conforme visto nos jornais, mesmo ciente de que jamais venha materializar tais ações. Isto evita que eles procurem os órgãos de imprensa para lançar mais uma dessas leviandades consagradas, como a de que as oposições nunca os procuraram visando o entendimento pelo bem do clube.
Indubitavelmente, o maior desejo quanto à Conferência Gigante Tricolor, é o de que ela não se metaforize numa interrogação, e muito menos num ponto final, mas numa vírgula.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

CONQUISTA DO BRASILEIRO DE 1988: O INÍCIO DO FIM


De 1989 em diante, passou-se a generalizar entre os tricolores a importância do mês de fevereiro em suas vidas, partindo da conquista do Campeonato Brasileiro pelo clube, na edição do ano anterior. Livros, DVDs, brindes alusivos ajudaram a manter viva na memória do povo o elenco formado pelos heróis Ronaldo, Tarantini, João Marcelo, Claudir e Paulo Robson; Paulo Rodrigues, Gil e Bobô; Zé Carlos, Charles e Marquinhos. Confesso que essas comemorações em todo o dia 19.02 me deixam preocupado ano a ano. Isto porque todos passaram a se comportar como se o episódio nunca mais fosse reincidir. Um exemplo ficou claro na “festa dos 10 anos”, em 1999, quando lançaram camisas oficiais, além de reunir os atletas campeões numa partida contra um combinado de ex-ídolos da agremiação, em preliminar do confronto do grupo de profissionais diante do Camaçari, na Fonte Nova. Só podia sair mesmo da cabeça do presidente “Tiririca”, um dos piores da história do Bahia. Pelo menos nunca vi o Santos promover evento que celebrasse os mundiais interclubes de 1962/63, ou o Grêmio registrar algo que lembre a aquisição do troféu em Tóquio em 1981. Quem pensa como clube grande, imagina que um importante título se “comemora” conquistando outro.
Mas a maior reflexão que ficou nesses 19 anos, é a certeza de que os “eternos” não se prepararam para ganhar aquele Campeonato Brasileiro, e nem se organizaram para estabelecer um planejamento a médio e longo prazo, capaz de estimular o crescimento da marca Bahia em nível nacional e internacional, aproveitando a repercussão deste marco. Evidências não faltam:
1 – Às vésperas de se iniciar as quartas de finais contra o Sport-PE, a diretoria se desfez de dois dos importantes atletas que equilibravam o grupo: o goleiro Sidmar e o quarto-zagueiro Pereira, embora a entrada de Ronaldo e Claudir, respectivamente, não tenha oferecido grandes comprometimentos ao esquema do então técnico Evaristo de Macedo. Ora, já viu quem tem como meta um título de tamanha envergadura cometer um erro primário como este logo num momento crucial?
2 – A Associação Bahia Livre, certa ocasião em seu site, narrou sobre o problema com a fornecedora de materiais esportivos, cujo contrato havia expirado no bojo das etapas decisivas do torneio, o que obrigou ao clube jogar com uniformes de qualidade inferior, inclusive na estréia da Taça Libertadores – que veio logo em seguida – com materiais cedidos pelo Internacional, o que demonstra ausência de Planejamento em gestão esportiva para ser campeão do certame.
3 – Afora o 4º lugar em 1990, o Bahia sempre ocupou desde então posições vexatórias na tabela de classificação. Chegou a disputar o “Torneio da Morte” meses depois de erguer o troféu no Beira Rio (1989) e só não foi degolado em 1992 e 1995 porque o regulamento lhe foi favorável.
4 – Geralmente, o clube que planeja grandes conquistas não confia num elenco em sua maioria duvidoso (muita gente pode aqui ressaltar a qualidade de Bobô, Charles, Paulo Rodrigues, etc., com os olhos de hoje. Mas ninguém de sã consciência naquela época achava que sozinhos eram capazes de ir à final, a não ser mesclados de jogadores experientes, de preferência com passagens pela Seleção Brasileira e com títulos nacionais em seus currículos).
5 – O Bahia tinha ótimas oportunidades após a conquista, de reavivar o seu conceito internacional – basta lembrar que mais de 100 países viram as etapas decisivas do campeonato de 1988 e ainda seguiram os passos do clube na Taça Libertadores pela TV., ao vivo e a cores. O caminho natural era arrumar os passaportes para grandes excussões pela Europa e Ásia, mas preferiu se exibir pelos acanhados estádios no interior do Estado, pois era mais importante consolidar as bases eleitorais daquele que se intitulou “eterno presidente”. E quando foi à África no ano seguinte, envolveu-se num quadrangular no Gabão vencido pelo Vasco e, de forma até hoje misteriosa, foi o único dos clubes participantes que não viu a cor dos dólares que lhes eram destinados.Os aspectos supracitados são apenas uma amostra de que o Bahia, por meio de seus “eternos dirigentes”, iniciou a temporada de 1988 da mesma forma que as anteriores: sem planejamento, sem ter a certeza de como iria terminar. É óbvio que, dentro de uma visão atualizada, aquela memorável tarde de domingo vêm atenuando, e muito, os vexames e as humilhações que para nós vêm se tornando rotina. Mas, indubitavelmente, aquela conquista não foi fruto de uma engenharia, pois trata-se de um presente para a torcida tricolor, e que caiu do céu no colo de Maracajá, servindo para este desde então como sua peça de marketing pessoal, quando sempre questionado sobre os seus obsoletos e ditatoriais passos que colocaram o Bahia neste poço, cada vez mais sem fundo, sempre com a mesquinha obstinação a se manter no poder. Por mais bizarro que pareça, o Campeonato Brasileiro de 1988, que era para servir como marco do crescimento da instituição, terminou funcionando como início de sua decadência.

IMAGEM: futebolepaixao.zip.net/.../Bahia_dos_sonhos.jpg

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

TORCIDA DO BAHIA ESTÁ DIMINUÍNDO. PARABÉNS "CARDEAIS"!

Para muitos de nós, a recente pesquisa do Instituto Datafolha – reproduzida na edição de 16.01 no Jornal A TARDE – sobre as preferências clubísticas no Estado e no País, entristece, mas de maneira alguma surpreende. Pelas amostras do Instituto, contendo 11.786 entrevistados, o carioca Flamengo é dono de uma fatia de 21% dos torcedores baianos, diante de 16% para o Bahia e 8% do arqui-rival Vitória, que vão compor apenas míseros 1% de torcedores no cenário nacional. O Bahia mantém a maioria de fanáticos apenas em Salvador (por enquanto) com 40%, enquanto a agremiação de Canabrava aparece com 22%.
Os números supracitados não deixam de impulsionar algumas reflexões, no aspecto geral e no específico (relacionado diretamente ao definhamento do Esporte Clube Bahia), mas sem que um mecanismo deixe de estar associado ao outro. Em termos gerais, não é difícil imaginar o fenômeno como resultante da massificação da mídia televisiva em favor de entidades do Sudeste (com noticiários e transmissões de jogos envolvendo tais clubes praticamente todos os dias no chamado “horário nobre”, sem falar na exclusividade que sempre existiu no desfiles de seus jogadores na Seleção Brasileira quando atuam no País, em detrimento / discriminação às outras regiões, sobretudo o Nordeste, na qual o seu público, em grosso modo é aproveitado apenas como massa de manobra). Tudo isso pode ser associada à ausência de profissionalismo na Federação Bahiana de Futebol, que nunca fez nada de concreto para o fortalecimento dos seus filiados. Como conseqüência, a Bahia, que é propalada como a 6ª maior economia do País, não dispõe de estrutura futebolística à altura (em termos materiais e humanos) sendo então os seus aspectos tratados amadoristicamente.
Em termos específicos – o que mais nos interessa – podemos no bojo desta pesquisa, desde já, desconstruir certos mitos. Num deles, a decantada “nação tricolor”, diante desse quadro, não pode ser qualificada como “nação”. Fosse verdade, o Bahia teria porção significativa de seguidores em boa parte do País, como ocorre com associações a exemplo de Palmeiras, São Paulo, Vasco, Corinthians, Flamengo (todos do eixo Rio - São Paulo e que já perseguem os tricolores dentro da Bahia). O Bahia possui somente uma legião de fieis (ou de incautos, como alguns preferem), de freqüentadores assíduos de estádios, ainda que os “eternos” fiquem em verdadeiros embaraços quando são obrigados a explicar por que o clube, que é capaz de levar uma média de 60 mil torcedores aos seus jogos, não venha merecer um marketing agressivo para fazer ultrapassar a marca dos atuais e irrisórios 150 associados.
Mas o grande motivo pelo qual se nota a ampliação da influência de clubes estranhos ao nosso Estado é indubitavelmente a decadência do E. C. Bahia, levada a ferro e fogo pelos seus “cardeais”, apesar de inúmeros apelos a essas personalidades, cujas presenças, por si só, configura como uma verdadeira tragédia na vida da agremiação. Sem adquirir novos troféus há 6 anos, e com as constantes participações medíocres e/ou vexaminosas nos certames que disputam, todos assistem impotentemente a sua torcida reduzir a cada instante. E não é preciso dispor de recursos estatísticos para obter a prova. Basta andarmos pelas ruas, pois dificilmente vamos encontrar garotos até a faixa de 12 aos 14 anos que digam gostar do Bahia. Esses “meninos” estão em grande parte na casa dos 15, 16 anos em diante. Em outras palavras, a torcida do Bahia está envelhecendo, diminuindo, e se algo não for feito desde já, esta “nação” estará fadada ao desaparecimento, juntamente com o próprio clube.Os números do Datafolha levam a parabenizar Maracajá, Petrônio e tantos outros “cardeais” tricolores. Isto porque, suas atitudes jurássicas e as resistências quanto aos pedidos para premiar o que resta da torcida tricolor com suas ausências, revelam a intencionalidade desses homens em destruir em pouco tempo a história do Esporte Clube Bahia para construir as suas próprias, nem que essa história seja pintada com tinta de cores horrendas. E pelo jeito estão conseguindo.

IMAGEM: www.bavi.com.br/conteudo/Decisao2002.jpg