quinta-feira, 20 de novembro de 2008

AS ENTRELINHAS DA CANDIDATURA DE "TIRIRICA JÚNIOR"

Mais uma vez, os reacionários podem dizer que venceram. Só que vencer para eles implica em desgraça para a nação tricolor. Já era de se esperar que o economista Reub Celestino fosse alijado desse “processo eleitoral”. Afinal, uma gestão dita transitória representaria para essas pragas maracajianas – e agora guimaranianas – um verdadeiro perigo nas intenções quanto à perpetuação dessas nocivas espécies. A manutenção desses sanguessugas, representadas na pessoa de Marcelo Guimarães Filho, nos impelem acelerar as certezas quanto ao fim de uma instituição que marcou época, porque eles precisam destruir esta história para que suas ilicitudes sejam devidamente escondidas. Certamente, Tiririca pai e júnior é tão bom para a galeria de presidentes do clube, quanto Bush pai e filho foram importantes para os destinos dos Estados Unidos. Trata-se de uma administração natimorta em termos de competência e planejamento.
Dois aspectos estão nas entrelinhas quanto às articulações para sufragar o futuro presidente Marcelo Guimarães Filho. Coloco-o na condição de próximo dirigente porque estaria a essas alturas subestimando minha modesta inteligência em acreditar que aquelas vacas de presépio do Conselho Deliberativo viessem referendar outro nome que não fossem da conveniência dos seus ventríloquos.
No primeiro aspectos deles, os fatores são velhos conhecidos até mesmo de um leigo que se arvore na curiosidade em formular os porquês do apequenamento de um clube, cuja marca é potencialmente grandiosa: refiro-me na preservação, no continuísmo, na certeza de que o poder não vai ser entregue a qualquer “aventureiro”, como costumam propalar os “eternos” em seus discursos medíocres, ainda que agora seja manipulada a questão do “novo”, da jovialidade do executivo, da proposta do “diferente” – mesmo com esvaziamento de idéias – embora boa parte da opinião pública esteja ciente da manutenção dos vícios coronelísticos.
O segundo – e o mais importante – ganha contornos especiais no presente processo. O observador mais atento, ao ler a reportagem do Jornal A TARDE do dia 18.11, percebeu claramente um outro avalista perigoso para esta candidatura: o ministro da integração nacional Geddel Vieira Lima, cujo pôster ornamentava estrategicamente ao fundo da foto do deputado, seu companheiro de partido e de malefícios em prol da Bahia. Há até quem diga que a querela entre o PMDB e o PT – que se iniciou no bojo do período eleitoral para a prefeitura de Salvador – esteja sendo indubitavelmente transferida para o interior do clube mais popular do Estado, numa importante manobra visando o uso das torcidas e dos elementos esportivos para a manipulação de inteligências no âmbito político.
São de conhecimento geral as verdadeiras pretensões de Geddel. O seu maior desejo é o de se tornar uma reciclagem de ACM, herdando o seu espólio, assim como suas atitudes doentias na forma de se fazer política. E as evidências estão aí, no uso da máquina pública para a cooptação de prefeitos, em diversos municípios; na ausência de parâmetros ideológicos quando contribui para que sua sigla lidere o balcão de negócios que hoje é o Congresso Nacional; no flertamento de qualquer partido – inclusive aqueles há bem pouco tempo pernicioso no seu maniqueísmo político – com objetivos eleitoreiros. Então, partindo desse pressuposto, não seria surpreendente o seu projeto pessoal em usar uma agremiação esportiva de massa, já preparando o controle social através do futebol, bem ao estilo do velho coronel, seu inimigo apenas no plano particular, mas aliado nos métodos truculentos e abusivos.
E é bom que os verdadeiros tricolores comprometidos com o futuro do clube estejam de olhos bem abertos para este detalhe. O nebuloso “geddelismo”, que é uma autêntica ameaça ao Estado, pode desembarcar antes de mala e cuia no Esporte Clube Bahia, provocando assim um grande retrocesso para aqueles que desejam a tão sonhada democratização tricolor.