sábado, 2 de agosto de 2008

VENDA DA SEDE DE PRAIA SEM A COMPANHIA DE PLANEJAMENTO A MÉDIO E LONGO PRAZO

Uma das últimas notícias que refletem o declínio institucional do Esporte Clube Bahia dá conta da intencionalidade de negociação da Sede de Praia da Boca do Rio, que ao longo dos anos, se transformou num esqueleto arquitetônico com vista privilegiada para o mar.
Os valores estimados já estão nas mesas de discussões, mas já é consensual que o imóvel não deva ser desfeito por menos da ordem de R$ 50 milhões, ainda mais com a liberação do aumento do gabarito da orla de Salvador, anuído pelo novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) no ano passado. Os amantes do ECB se vêem verdadeiramente assombrados diante do temor de uma transação mal sucedida (tanto no tocante à venda, bem como no direcionamento dos recursos auferidos), pois a diretoria da agremiação não carrega nenhum histórico de credibilidade quanto à competência em promover a autolucrativização orçamentária. É preciso pensar, pois esse montante envolve o único patrimônio material tricolor disponível (para quem não se lembra, as péssimas influências do Basa levaram ao Bahia liquidar bens materiais (Fazendão e inúmeros atletas) e imateriais (escudo, hino e bandeira) para a famigerada Liga do Futebol – processo inclusive que dorme nos arquivos dos promotores do Ministério Público do Estado).
Já disse neste espaço certa ocasião, que competência mesmo, esses jurássicos diretores possuem quanto à transformação de dinheiro em polvilho, na transmutação de R$ 1 milhão em R$ 1 real. As desastrosas vendas de vários atletas por valores irrisórios, além da inabilidade em fazer o bolo crescer a partir do fermento injetado com os R$ 12 milhões, resultantes do contrato que deu início à parceria com o Banco Opportunitty do misterioso e corrupto Daniel Dantas em 1998, ilustram bem as afirmações supracitadas.
Mas é hora de pensarmos no futuro do clube, embora os “eternos” não façam. Reparem que em nenhum momento eles vislumbram onde aplicar este dinheiro, com vistas a garantir os destinos do clube a médio e longo prazo. Em seus discursos pífios, os objetivos não aparecem bem claros. Fala-se em aplicar na formação de um razoável elenco de atletas. Mas este é indubitavelmente um investimento volátil. É perfeitamente comparável ao direcionamento desses recursos em bolsa de valores, onde o seu desfecho (quanto ao sucesso ou fracasso) é completamente imprevisível.
É aí que sentimos a ausência de gestão, a falta de planejamento e de compromisso desses homens com a preservação daquilo que resta da própria história tricolor. Não é preciso dispor de amplo conhecimento em administração, para perceber a necessidade em canalizar parte desse montante (ainda que pequena) na compra de um espaço, o qual serviria de retorno à contribuição dos associados e, concomitantemente, promover a geração de receitas, aí sim, beneficiando o departamento de futebol (se é que o Bahia hoje tem isto no sentido prático). A falta de inteligência desses senhores é tão visível que sequer cogitam, por exemplo, a montagem de algumas lojas para a comercialização de produtos licenciados pela instituição; na parceria com empreendedores na construção de shopping center; na permuta da área com o governo pelo Estádio de Pituaçu, ainda que esta seja uma articulação de natureza complexa. Mas continuam pensando de forma mesquinha no ontem (estimulando aos incautos se vangloriarem com duas estrelas já enferrujadas de bicampeão brasileiro), no hoje e, no máximo, no próximo jogo. Em outras palavras, esses indivíduos, sem perspectivas bem definidas, insistem em enxergar o Bahia enquanto clube de passado e sem futuro.
Em condições normais, a vigílha do processo de venda, bem como da aplicação do dinheiro caberia ao Conselho Deliberativo e Fiscal da agremiação. Mas estamos cientes de que essas vacas de presépio (leia-se parentes, amigos, vizinhos de rua das pragas maracajianas) mais têm contribuído para levar o Esporte Clube Bahia ao abismo. Portanto, cabe aos poucos associados ficarem de olhos bem abertos, antes que os valores relativos ao seu único patrimônio material desçam inexplicavelmente pelo ralo, ou até suma na bacia das almas. Particularmente, até defenderia uma ampla reforma naquele equipamento, pois o vejo como um grande meio de atração de sócios (embora os eternos ditadores não desejem) e de revitalização dos clubes sociais pelo qual Salvador precisa. Mas se o desejo da maioria é a venda do imóvel, devemos nos comportar como a última trincheira, o derradeiro bastião no esclarecimento de questões que naturalmente se seguem: para onde vai esse dinheiro? Qual será o retorno dado pelo Bahia diretamente aos associados? O que a diretoria fará de concreto com essa hipotética venda, de forma a garantir o futuro da instituição a médio e longo prazo? Haverá a reserva de uma parte deste orçamento na compra de um espaço físico, no intuito de gerar receitas, oxigenando o futebol? São indagações que em nenhum momento podem se calar. E a responsabilidade é nossa.

3 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com quase tudo que você argumenta Wilson, alíás com muita propriedade e clareza.
Entretanto, acho que a hora é de tentarmos impedir essa venda de qualquer maneira. Além da falta de clareza e da comprovada incompetência para gerir recurso demonstrado por esse grupo, estou convencido que a Sede de Praia poderá ser um patrimônio de muita importância para o Bahia.
Se bem gerido, esse patrimônio pode se tornar um considerável fator de geração de receitas para o clube e associados além de, pela sua localização, pode ter importantíssimo papel emblemático para reativar o quadro de associados e também para atrair novos sócios. Note bem, eu falei fator gerador de receitas para o CLUBE e ASSOCIADOS.
Assim, não entendo como alternativa vantajosa a compra de um outro espaço menor (naturalmente menos valorizado e sem a mesma magnífica localização) com parte do dinheiro da venda. Não vejo ganho, para nós sócios e torcedores, em se trocar esse patrimônio simplesmente por salários de jogadores caros e duvidosos, com adiferença sendo aplicada em um outro patrimônio de menor valor (duvido muito que eles estejam pensando em comprar qualquer coisa).
Acredito sim, que devam ser realizados estudos e alternativas, visando o seu melhor aproveitamento para o Bahia.
Vende-la agora, com essa administração seria uma insanidade e, tenho certeza como você, que o ganho seria dissipado em curtíssimo espaço de tempo, sem nenhum investimento a médio e longo prazo.
ST
franklin barbosa da silva
fransilb@ibest.com.br

Wilson Santos disse...

Caro Franklin,

Caso você tenha bem reparado o último parágrafo do texto, vai encontrar uma defesa de minha parte pela menutenção da Sede de Praia. Como você bem pontuou - e aproveito para dizer que me recuso a tirar uma vírgula do seu comentário - a melhor alternativa para aquele imóvel seria uma radical reformulação física e operacional. Mas, infelizmente, estou observando que os anseios da maioria dos torcedores é pela venda do espaço. E sendo o meu voto vencido, resta-nos a vigílha intransigente quanto ao direcionamento dos recursos obtidos.

Agora, já que devemos impedir esta transação, é melhor que sentemos todos para articular uma maneira prática... E o quanto antes. Tem alguma idéia? Caso tenha, popularize-a.

Anônimo disse...

A idéia é a que está em curso pelo Revolução Tricolor: formar novos associados comprometidos em mudar essa administração do Bahia e manifestação de torcedores na Boca do Rio qdo da realização da assembléia geral de sócios para a decisão desse e de outros assuntos.
Ha alguns dias mostrei no forum do ecbahia.com um estudo inicial de uma das formas que eu vejo para a reestruturação do imóvel. esse estudo é de 2002 e, portanto, precisa ser atualizado.
Você pode baixa-lo em http://w14.easy-share.com/1700973613.html
Franklin