Nove meses se passaram. Preferi me silenciar durante esse tempo, no intuito de evitar conclusões precipitadas. Foi melhor observar quieto as movimentações de bastidores, desde a eleição de Marcelo Filho até os dias recentes. Trata-se de um período que guarda em si algumas peculiaridades. Não no tocante ao tão esperado vento que sopre em direção à modernidade do Esporte Clube Bahia, porque tudo continua com a mesma melancolia de outrora, mas quanto ao estabelecimento de um inédito modo de preservação de sua espécie nas sombras do poder, priorizando o discurso do “novo”, da “jovialidade”, do “diferente”, de forma a ludibriar todos aqueles tricolores que se encontravam na trincheira de luta, visando ao restabelecimento da dignidade moral do clube. E a forma de como a coisa foi feita, nisso Marcelo e seus amigos que estão promovendo a sua pseudo-revolução, foram de uma astúcia sem precedentes.
Contratação de Paulo Carneiro (rubro-negro roxo, mas reconhecidamente um profundo conhecedor do futebol enquanto negócio), perspectivas de realinhamento do seu patrimônio físico (Sede de Praia, Fazendão...), promessas de eleições diretas no prazo de dois anos, planos de associação em massa, criação de um “Conselho Consultivo”, democratização no acesso aos balanços da agremiação, e o que é melhor: uma certeza quase que sobrenatural da presença tricolor na Série A em 2010, tendo como aperitivo a conquista do Baianão e uma participação honrosa na Copa do Brasil. Todos esses aspectos levaram a setores pertencentes aos maiores grupos oposicionistas a um estado de êxtase, vivendo num mundo de faz de conta, acreditando finalmente no ajustamento do Bahia nos trilhos do sucesso. Incrivelmente, na reunião que levou a aprovação do estatuto – documento com muitos pontos ainda obscuros – o comentário em geral no seio da imprensa esportiva, era de que não havia mais oposicionistas.
Este “mundo encantado” vivido por parte daqueles antes considerados sanguessugas, foi o suficiente para que ocorresse sem maiores problemas, por exemplo, as contratações e dispensas em atacado de atletas de procedência duvidosa; a queima de jovens promessas oriundas das divisões de base, que passaram a servir como tábua de salvação em meio ao grupo de profissionais. Continuaram também o incentivo à manipulação de consciências, que vibram com as alegrias momentâneas, enchendo estádio para ver vitórias pífias, contra adversários de igual teor. Enfim, a exaltação exaustiva ao passado, o olhar vago para o presente e as preocupações, no máximo, para o próximo jogo, ainda persiste. E o Bahia continua sendo um clube de futuro sombrio.
A falsa regularidade do elenco nos gramados – alternando alegrias fugazes e vexames incontestes – ajudavam a abafar a desconfiança de muitos, mas não o senso crítico de alguns, que enxergavam o óbvio: a temporada de 2009 não foi precedida de planejamento. Tudo o que aconteceu até aqui foi resultante de medidas pontuais, de forma que o aspecto particular não dialogasse com o todo. Prova disso é a falta de condições materiais que permitam o bom desempenho e melhor qualidade dos atletas. O departamento de marketing – motivo de chatota até mesmo entre aqueles que não compreendem claramente as suas atribuições – continua a espera de sua moralização, pois sequer apresenta eficácia quanto a venda de ingressos para os jogos do clube. O projeto de associação em massa ainda não decolou não se sabendo se por incompetência ou por conveniência. Nada foi feito nesses meses com vistas a arregimentar recursos de fora para dentro do futebol, regra básica para as grandes associações futebolísticas que se preze. E antes que alguém venha lembrar a produção cinematográfica, não custa perceber que hoje, os grandes clientes são os falsificadores, aqueles mesmos que vão piratear em milhares de cópias a partir de uma, para abastecer o mercado informal.
Chega a ser risível o projeto de eleições diretas em 2011 – se é que vai ter – com candidatos previamente escolhidos a dedo pelos bonecos de ventríloquos que estão confinados no Conselho Deliberativo. Na prática, é como se as pragas maracajianas e guimaranianas estivessem escolhendo os seus “adversários” no pleito vindouro. Isto é ou não um grande processo eleitoral?
E setores “jabazeiros” da imprensa estão com um bode, ou melhor, um carneiro expiatório pronto no forno assando, para tão logo se confirme mais uma péssima temporada do Bahia, no intuito de atenuar a fúria da torcida e a culpabilidade dos responsáveis há anos pelos intermináveis vexames. E num momento para eles muito favorável, pois seria a grande oportunidade de sepultar de vez a carreira do dirigente, que colecionou muitos desafetos no bojo da reestruturação do arqui-rival tricolor. Carneiro seria colocado como culpado de todas as desgraças em menos de doze meses, de todos os vícios que agonizam há mais de uma década. É como se ele desaprendesse aqui tudo o que fez nas cercanias de Canabrava. Ou para alguns, concretiza-se o sonho de destruição do Bahia, como declarou PC há alguns anos às vésperas de um BA-VI. Seria o momento de relembrar a sua responsabilidade na aquisição de nomes a serem esquecidos como Evaldo, Lima, etc., e ocultar sua autoria na aquisição de boas peças, a exemplo de Fernando, Marcelo, Nem, Jael e Nadson. O problema é que não há Paulo Carneiro que faça milagres diante de tamanha fragilidade em um clube carente de valores financeiros e inteligíveis em sua cúpula, haja vista que o “novo” presidente - encontra-se 90% do seu tempo passeando em Brasília e prefere aqui fazer o papel de Rainha Elizabeth – e sua “nova” diretoria – com seu pai de fora dos holofotes, mas funcionando como uma verdadeira eminência parda – continua com os mesmos vícios do passado.
Antes de finalizar a discussão, um fato começa a mobilizar – e preocupar – a torcida tricolor: trata-se da venda, desapropriação (ou doação, até aqui, ninguém sabe) da Sede de Praia. Causa estranheza a forma de como a negociação está sendo desenvolvida, com muitas das regras em desuso na atual conjuntura do mercado imobiliário. Não vou reprisar o que está sendo acordado, pois o assunto está sobejamente freqüentando os noticiários em toda a cidade. Apenas gostaria de conclamar a todos para uma profunda reflexão na hora de aprovarmos o projeto, enquanto membros da Assembléia Geral. Não vamos dizer amém passivamente aos interesses nebulosos de dirigentes em atitudes que provocam a confusão entre o público e o privado. Já bastam as vacas de presépio que compõem o Conselho Deliberativo, que prestam este papel com muita eficácia. É importante, antes de referendarmos o ato, observar se tudo o que estão dizendo, está devidamente documentado. E os curiosos com experiência na área jurídica, podem neste dia desempenhar uma atuação fundamental neste processo.
Contratação de Paulo Carneiro (rubro-negro roxo, mas reconhecidamente um profundo conhecedor do futebol enquanto negócio), perspectivas de realinhamento do seu patrimônio físico (Sede de Praia, Fazendão...), promessas de eleições diretas no prazo de dois anos, planos de associação em massa, criação de um “Conselho Consultivo”, democratização no acesso aos balanços da agremiação, e o que é melhor: uma certeza quase que sobrenatural da presença tricolor na Série A em 2010, tendo como aperitivo a conquista do Baianão e uma participação honrosa na Copa do Brasil. Todos esses aspectos levaram a setores pertencentes aos maiores grupos oposicionistas a um estado de êxtase, vivendo num mundo de faz de conta, acreditando finalmente no ajustamento do Bahia nos trilhos do sucesso. Incrivelmente, na reunião que levou a aprovação do estatuto – documento com muitos pontos ainda obscuros – o comentário em geral no seio da imprensa esportiva, era de que não havia mais oposicionistas.
Este “mundo encantado” vivido por parte daqueles antes considerados sanguessugas, foi o suficiente para que ocorresse sem maiores problemas, por exemplo, as contratações e dispensas em atacado de atletas de procedência duvidosa; a queima de jovens promessas oriundas das divisões de base, que passaram a servir como tábua de salvação em meio ao grupo de profissionais. Continuaram também o incentivo à manipulação de consciências, que vibram com as alegrias momentâneas, enchendo estádio para ver vitórias pífias, contra adversários de igual teor. Enfim, a exaltação exaustiva ao passado, o olhar vago para o presente e as preocupações, no máximo, para o próximo jogo, ainda persiste. E o Bahia continua sendo um clube de futuro sombrio.
A falsa regularidade do elenco nos gramados – alternando alegrias fugazes e vexames incontestes – ajudavam a abafar a desconfiança de muitos, mas não o senso crítico de alguns, que enxergavam o óbvio: a temporada de 2009 não foi precedida de planejamento. Tudo o que aconteceu até aqui foi resultante de medidas pontuais, de forma que o aspecto particular não dialogasse com o todo. Prova disso é a falta de condições materiais que permitam o bom desempenho e melhor qualidade dos atletas. O departamento de marketing – motivo de chatota até mesmo entre aqueles que não compreendem claramente as suas atribuições – continua a espera de sua moralização, pois sequer apresenta eficácia quanto a venda de ingressos para os jogos do clube. O projeto de associação em massa ainda não decolou não se sabendo se por incompetência ou por conveniência. Nada foi feito nesses meses com vistas a arregimentar recursos de fora para dentro do futebol, regra básica para as grandes associações futebolísticas que se preze. E antes que alguém venha lembrar a produção cinematográfica, não custa perceber que hoje, os grandes clientes são os falsificadores, aqueles mesmos que vão piratear em milhares de cópias a partir de uma, para abastecer o mercado informal.
Chega a ser risível o projeto de eleições diretas em 2011 – se é que vai ter – com candidatos previamente escolhidos a dedo pelos bonecos de ventríloquos que estão confinados no Conselho Deliberativo. Na prática, é como se as pragas maracajianas e guimaranianas estivessem escolhendo os seus “adversários” no pleito vindouro. Isto é ou não um grande processo eleitoral?
E setores “jabazeiros” da imprensa estão com um bode, ou melhor, um carneiro expiatório pronto no forno assando, para tão logo se confirme mais uma péssima temporada do Bahia, no intuito de atenuar a fúria da torcida e a culpabilidade dos responsáveis há anos pelos intermináveis vexames. E num momento para eles muito favorável, pois seria a grande oportunidade de sepultar de vez a carreira do dirigente, que colecionou muitos desafetos no bojo da reestruturação do arqui-rival tricolor. Carneiro seria colocado como culpado de todas as desgraças em menos de doze meses, de todos os vícios que agonizam há mais de uma década. É como se ele desaprendesse aqui tudo o que fez nas cercanias de Canabrava. Ou para alguns, concretiza-se o sonho de destruição do Bahia, como declarou PC há alguns anos às vésperas de um BA-VI. Seria o momento de relembrar a sua responsabilidade na aquisição de nomes a serem esquecidos como Evaldo, Lima, etc., e ocultar sua autoria na aquisição de boas peças, a exemplo de Fernando, Marcelo, Nem, Jael e Nadson. O problema é que não há Paulo Carneiro que faça milagres diante de tamanha fragilidade em um clube carente de valores financeiros e inteligíveis em sua cúpula, haja vista que o “novo” presidente - encontra-se 90% do seu tempo passeando em Brasília e prefere aqui fazer o papel de Rainha Elizabeth – e sua “nova” diretoria – com seu pai de fora dos holofotes, mas funcionando como uma verdadeira eminência parda – continua com os mesmos vícios do passado.
Antes de finalizar a discussão, um fato começa a mobilizar – e preocupar – a torcida tricolor: trata-se da venda, desapropriação (ou doação, até aqui, ninguém sabe) da Sede de Praia. Causa estranheza a forma de como a negociação está sendo desenvolvida, com muitas das regras em desuso na atual conjuntura do mercado imobiliário. Não vou reprisar o que está sendo acordado, pois o assunto está sobejamente freqüentando os noticiários em toda a cidade. Apenas gostaria de conclamar a todos para uma profunda reflexão na hora de aprovarmos o projeto, enquanto membros da Assembléia Geral. Não vamos dizer amém passivamente aos interesses nebulosos de dirigentes em atitudes que provocam a confusão entre o público e o privado. Já bastam as vacas de presépio que compõem o Conselho Deliberativo, que prestam este papel com muita eficácia. É importante, antes de referendarmos o ato, observar se tudo o que estão dizendo, está devidamente documentado. E os curiosos com experiência na área jurídica, podem neste dia desempenhar uma atuação fundamental neste processo.
IMAGEM: (www.atarde.com.br/arquivos/2009/08/122102.jpg) . O atacante Jael pode ser considerado uma das poucas peças positivas da temporada de 2009. Mas ele é apenas um grão de areia em meio as dunas de humilhações que a diretoria tricolor vêm subetendo a sua torcida - dentro e fora das quatro linhas.